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  • Foto do escritorNathália Correia

A brilhante união de Edgar Allan Poe e Mike Flanagan em “A Queda da Casa de Usher”

Atualizado: 24 de out. de 2023

“A Queda da Casa de Usher” é o novo, e último, lançamento de Mike Flanagan na Netflix. O diretor conquistou grandes números para o streaming com suas produções únicas e incríveis de terror, mas agora parte para uma nova era no Amazon Prime.


Assistimos à série e o que podemos adiantar é que a despedida foi em grande estilo. Confira a nossa crítica sobre a produção!

Ainda que o nome seja sugestivo, “A Queda da Casa de Usher” foge da temática de casas mal-assombradas apresentadas em “A Maldição da Residência Hill” e em “A Maldição da Mansão Bly”. Aqui, a produção é inspirada no livro homônimo do famoso escritor Edgar Allan Poe, e acompanha a história dos irmãos Roderick e Madeline Usher.


Após passarem por uma infância e uma adolescência conturbadas, Roderick e Madeline só tem um objetivo: viver no dinheiro. Anos de planejamento os levam ao topo da Fortunato, uma empresa farmacêutica que se torna um império mundialmente influente nas mãos dos irmãos. Porém, por trás desse enorme luxo e riqueza, há um passado de crimes, ganância e mentiras, que se revela quando os filhos de Roderick começam a ser mortos um por um.


Quando divulgaram a inspiração da série em um conto de Poe, surgiram várias dúvidas a respeito de como se daria a adaptação de contos tão antigos e melancólicos para as telas. E Mike arrasou nesse processo.


Além de ter conseguido adaptar um clássico para os tempos atuais, com a série ambientada no auge tecnológico de 2023, o caráter sombrio dos escritos foi bem reproduzido com recursos visuais, como jogos de luz e sombra e lentes azuladas. Algo que surpreendeu positivamente vários espectadores foi a sacada do diretor em juntar vários livros de Allan Poe em uma só produção. Assim, além dos episódios receberem o título de vários contos, os enredos dos livros aparecem em nomes dos personagens da Netflix, nos cenários, nas mortes, nos animais e no figurino, enriquecendo a história.

“A Queda da Casa de Usher” é um perfeito equilíbrio entre os sustos e jumpscare de “Hill” e a narrativa poética e sentimental de “Bly”. As cenas com bastante susto e sangue trazem entretenimento dentro do terror, enquanto os diálogos agridoces conscientizam e refletem. Em alguns momentos, os sustos se tornam previsíveis pois, no primeiro episódio, já sabemos quem irá morrer e em qual ordem, tirando o elemento surpresa que daria ainda mais brilho para a história.


Tendo como base personagens completamente sem caráter e diversas figuras movidas pelo egoísmo, vários diálogos e reflexões são estabelecidos para expor a crueldade da família e traçar um paralelo com o mundo atual, em que cada um age por si sem pensar nas consequências para o próximo.


O elenco incrível é parte fundamental deste trabalho e segue o padrão de retornar com vários rostos conhecidos. O destaque fica, sem dúvidas, para Carla Gugino, com seus monólogos incríveis e atuação tocante.

A série tem sido comparada à “Succession” devido à semelhança na trama: um pai ambicioso, com um império de riqueza, provocando competições entre os seus filhos gananciosos. Para além de Succession, a produção também me fez lembrar de “Se7en - Os Sete Crimes Capitais”, com os filhos representando alguns pecados capitais - avareza, luxúria, inveja, preguiça, ira e soberba - e a morte vindo buscá-los como castigo.


Em suma, Flanagan se despede da Netflix com uma obra incrível que apagou a decepção de “Clube da Meia-Noite” e trouxe de volta o diretor responsável por sucessos como “A Missa da Meia-Noite” e “A Maldição da Residência Hill”.


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