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Quando o Céu se Engana é uma comédia que tropeça nas próprias asas

  • Foto do escritor: Marcos Silva
    Marcos Silva
  • 1 de nov.
  • 3 min de leitura

E se o seu anjo da guarda é mais caótico do que sua vida inteira? Essa é a premissa central da comédia Quando o Céu se Engana, que estreia no dia 6 de novembro nos cinemas brasileiros. Eis aqui nossas impressões sobre o longa.


Dinheiro não compra felicidade?

Arj é um sujeito azarado que sobrevive de bicos e pequenos trabalhos. Em um deles, conhece Jeff, um milionário que o chama para ser seu assistente. Com a sua vida nada fácil, Arj chama a atenção de Gabriel, um anjo cheio de boas intenções que, frustrado com o seu único trabalho de impedir acidentes de trânsito, enxerga no jovem uma oportunidade de salvar uma alma sem esperança.


Quando o Céu se Engana é uma comédia que tropeça nas próprias asas

Decidido a provar que a vida de Arj vale a pena ser vivida, Gabriel tem a pior ideia possível: fazer com que ele troque de lugar com Jeff, o milionário que tem tudo o que o dinheiro pode comprar. Jeff agora tem uma vida árdua e sem dinheiro, enquanto Arj vive no conforto e cercado de luxo. E, pasmem, Arj não aprende a lição que Gabriel esperava que ele fosse aprender.


Com a vida do lado de lá muito mais confortável financeiramente para Arj, os três passam por situações caóticas e irreverentes para tentar voltar com as suas vidas para o lugar, antes que Martha, a chefe de Gabriel, intervenha para colocar ordem na situação.

Anjo da Sorte

Em termos de atuações, temos pouca novidade. O jeito atrapalhado do 

Keanu Reeves como o anjo que prova os pecados de ser um humano é o ponto mais irreverente do filme. Já Seth Rogen, o antagonista, mostra experiência e alcance, mas entrega apenas o básico. E o Aziz joga no seguro como o protagonista, mas nada do que já não vimos o divo se sair até melhor, como em Parks and Recreation e na autêntica Master Of None.


Quando o Céu se Engana é uma comédia que tropeça nas próprias asas

Mas tá aí um elefante na sala que a gente precisa comentar: que desperdício de Keke Palmer! Esse definitivamente não é um filme feito para mulheres nem para gays. A personagem da atriz acaba presa no papel ingrato de “escada” narrativa — aquela que existe só pra empurrar o protagonista adiante. Apesar disso, Keke faz o que pode e entrega carisma de sobra.

Voando muito perto do Sol

O roteiro original de Aziz Ansari é bem esperto e conta com vários twists narrativos que envolvem o espectador. Porém ele pára no meio do caminho em termos de ritmo narrativo da história. Por mais que a trama principal seja interessante, esbarrar com alguns clichês já conhecidos sobre disputa de classes e “os ricos também choram” faz do filme um tanto entediante e edificante demais pro lado negativo e piegas da coisa. 


Quando o Céu se Engana é uma comédia que tropeça nas próprias asas

A cinematografia é um dos pontos mais simpáticos do longa. Estamos numa Hollywood ensolarada na maior parte do filme. E ao mesmo tempo, ela é suja e vulgar nas melhores das intenções. A estética quase plástica dos anjos combina com esse clima fantasioso e é um acerto visual.


Pena que o mesmo não se pode dizer do humor. As piadas não carregam a trama direito, elas funcionam bem pouco. O que é essencial para uma boa comédia funcionar, além de uma história que prenda a atenção, é o quanto as piadas e o ritmo vão contribuir para deixar o espectador entretido enquanto acompanha o desdobrar de acontecimentos. Infelizmente contamos aqui com piadas já batidas e de gosto duvidoso, que mais constrangem do que divertem. E não estou falando de um constrangimento nível The Office, aqui é ruim mesmo, porque a história tenta dar tantas voltas para chegar, no final, em lugar nenhum.

De boas intenções…

Não tem como não pensar na premissa do filme de Aziz e não lembrar de Ninguém Tá Olhando, a série nacional  de Daniel Rezende que foi cancelada pela Netflix, mas ganhou o Emmy Internacional de Melhor Série de Comédia naquele ano. O anjo que vira humano, tem suas falhas mesmo sendo uma criatura divina, e com sua humanidade tenta salvar uma alma perdida, é um clichê, que às vezes é bem trabalhado, como fez nosso diretor brasileiro. 


Quando o Céu Se Engana é um bom entretenimento de streaming, daqueles inofensivos e quase esqueciveis. Mas ele não prende a atenção, ele não deixa nada urgente ou irreverente. Ele fica em um meio do caminho perigoso para o gênero de comédia. 


Quando o Céu se Engana é uma comédia que tropeça nas próprias asas

Tenta ser mais inteligente do que é e acaba tropeçando na própria moral da história. Afinal, quem acredita que um milionário mimado mudaria de vida tão fácil assim? Não dá para pegar o público com uma mensagem tão piegas… O filme tenta, mas é, ironicamente, o tipo de comédia celestial que a gente esquece assim que toca o chão de novo.


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