Herege é o novo terror psicológico escrito e dirigido por Scott Beck e Bryan Woods, que já trabalharam em Um Lugar Silencioso, A Casa do Terror e 65 — Ameaça Pré-Histórica. Estrelado por Hugh Grant, Sophie Thatcher e Chloe East, o filme é uma produção da A24 e chega ao Brasil no dia 20 de novembro, com distribuição da Diamond Films. A convite da distribuidora, assistimos antecipadamente ao longa. Confira a seguir a nossa opinião.
Enredo
Paxton (Chloe East) e Barnes (Sophie Thatcher) são jovens missionárias que tentam atrair novos fiéis. Porém, com o desinteresse da comunidade, a tarefa se mostra complicada. Ao visitar o Sr. Reed (Hugh Grant), o homem aparenta ser receptivo e inclinado a se converter. Entretanto, a acolhida transforma a missão das garotas em uma armadilha. Paxton e Barnes veem-se presas em uma casa isolada, forçadas a recorrer à fé e à coragem para escapar do jogo do Sr. Reed. Cada escolha será crucial para sobreviver ao perigo que as cerca.
Roteiro
O longa nos introduz rapidamente às duas missionárias: a confiante Barnes e a tímida Paxton. Com dificuldade em atrair novos fiéis, sendo até mesmo zombadas por pedestres nas ruas, ambas chegam à casa do Sr. Reed.
Hesitantes em ficar sozinhas com um homem, ele assegura que sua esposa está na cozinha preparando uma torta. Ao entrar, as garotas começam a debater sobre religião, com Reed fazendo comentários desconfortáveis sobre fé e crença.
Quando Reed sai da sala, as missionárias tentam ir embora, mas percebem que a porta da frente está trancada e que o telefone não tem sinal. Ao seguirem Reed até seu escritório, ele afirma ter encontrado a “religião verdadeira”.
O roteiro aborda o tema religioso de forma acessível, trazendo até mesmo referência à música Get Free, de Lana Del Rey, uma das grandes favoritas dos fãs, incluída no álbum Lust for Life (2017).
O filme apresenta discussões interessantes, e, embora a religião seja um tema recorrente em diversas obras, aqui ela é tratada de uma maneira distinta. A ambientação é outro ponto positivo: o filme se passa inteiramente na casa de Reed, aumentando o suspense.
O terceiro ato pode decepcionar um pouco, fugindo do tom que vinha sendo construído ao longo do filme. Não chega a comprometer a narrativa, mas deixa uma sensação de resolução apressada e sem o cuidado esperado. Apesar disso, o longa evita clichês que histórias similares costumam explorar.
Elenco
Hugh Grant entrega uma atuação diferente do habitual, convencendo como um vilão manipulador que está sempre no controle da situação.
Sophie Thatcher e Chloe East formam uma dupla sólida, conquistando a torcida do público. Por já acompanhar Thatcher em Yellowjackets, senti que ela brilha mais em diversas partes do filme.
O filme ainda conta com uma breve participação de Topher Grace, tão curta que, se você piscar ou for ao banheiro, poderá perdê-la!
Considerações
Beck e Woods lançam seu filme mais complexo até agora, acompanhado de uma bela fotografia. Apesar da longa duração, a produção não se arrasta em nenhum momento. No entanto, a resolução fica aquém do esperado.
O longa tem a assinatura característica da A24, com elementos únicos presentes apenas em seus projetos. Por se passar em um único ambiente e focar em três personagens principais, a sensação de perigo iminente e claustrofobia é constante.
Em um ano marcado por filmes de terror inovadores, Herege certamente se destaca. Porém, ainda não é possível dizer que seja o melhor do gênero neste ano.
Curiosidade: é a própria Sophie Thatcher quem canta o cover de Knockin' on Heaven's Door nos créditos finais.
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