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“Bom menino”: a volta do terror e do desconhecido

  • Foto do escritor: Nathália Correia
    Nathália Correia
  • há 2 dias
  • 4 min de leitura

Não entendeu a última parte? À convite da Paris Filmes, fomos convidados para a cabine de imprensa de “Good Boy” (Bom Menino), a nova estreia de terror com um enredo inédito. Descubra tudo sobre esse longa que chega ao Brasil no dia 30/10! 


“Bom menino”: a volta do terror e do desconhecido

Sinopse

Todd está enfrentando graves problemas de saúde e decide se mudar para a antiga casa de seu avô junto com Indy, seu cãozinho de estimação. Conhecido por ser um local amaldiçoado, a cada dia que Todd passa no local sua saúde vai se deteriorando enquanto algo toma conta da casa. 


Até então, só mais um filme de terror comum…se os acontecimento não fossem contados sob a perspectiva do cachorro. 


O que fez de “Bom Menino” uma produção curiosa e esperada pela audiência é o fato de que o filme se passa sob o ponto de vista de Indy. Mais do que uma simples escolha estilística, a grande jogada aqui é que, posicionando-nos junto ao cachorro, assumimos um papel que restringe, mas também expande a perspectiva narrativa, permitindo brincar e explorar pontos inéditos, diversificando dentro de um gênero já tão desbravado.

Um respiro em 2025

Uma grande preocupação dos amantes de animais é o uso desses seres em obras cinematográficas, afinal, não são raros os casos de maus tratos e abuso durante as gravações. Felizmente, “Bom Menino” não é um desses exemplos. 


“Bom menino”: a volta do terror e do desconhecido

Indy é, na verdade, o cão de estimação do diretor do filme e sua esposa. Como ambos escolheram não utilizar recursos de CGI na produção, foram necessários três anos de filmagem para alcançar os resultados que serão exibidos nas telas em outubro. Isso porque, além de treinar o cachorro, o casal respeitou o animal e o seu tempo, avançando no ritmo que o cão conseguia. 


O resultado disso são expressões reais e sensíveis do cachorro, que geram conexão instantânea com o espectador. Sobretudo, essa escolha oferece um respiro em meio à sobrecarga de CGI e inteligência artificial no terror dos últimos anos. 


A volta do desconhecido 

O terror tem bebido direto da fonte da evolução tecnológica. Utilizando diversos recursos para criar criaturas bizarras e expor acontecimentos violentos com mais realidade, as produções do gênero estão perdendo força diante da revelação do desconhecido. 


Em o “Bom Menino”, nenhum personagem humano é visto com clareza. Semelhante a desenhos antigos, como “As Meninas Superpoderosas”, com Senhorita Belo, “A Turma do Bairro”, com Wizard Kelly, e a icônica Mammy Two Shoes, de Tom e Jerry, estamos restritos às pernas ou ao tronco dos personagens. Em raras exceções o rosto é mostrado no escuro e ao longe, permitindo-nos ver, apenas, traços mais gerais. Além da coesão narrativa, afinal, Indy tem o campo de visão reduzido em comparação a personagens humanos por sua estatura, essa escolha devolve algo essencial ao terror que tem sido perdido com a tecnologia: a volta do desconhecido. 


Ao não ver o rosto e as expressões do personagem, não o conhecemos, logo não há construção de confiança e o suspense se instaura a todo momento e na presença de qualquer pessoa. Todd poderia estar possuído desde o primeiro instante, mas não vemos o seu rosto. O vizinho misterioso poderia ser um amigo ou um oportunista, já que não vemos o seu olhar. É justamente o desconhecido que nos assusta, afinal, só tememos o escuro por não saber o que vamos encontrar. 


“Bom menino”: a volta do terror e do desconhecido

A partir do momento em que a entidade é revelada, o monstro aparece e o rosto do assassino é descoberto, uma parte do terror é perdida, porque se torna familiar. Em “A Freira 2”, a figura de Valak é mostrada tão nitidamente várias vezes que nos acostumamos e tememos menos em relação a quando o rosto era enigmático e poderia ser qualquer coisa em meio ao escuro.


O enredo tem um ritmo mais lento que, apesar de entediante em alguns momentos, permite a construção gradual da atmosfera do suspense. Em poucos momentos é empregado o jump scare, assim, quando isso acontece o espectador é realmente surpreendido e o propósito de assustar é cumprido.  


Na teoria uma coisa, na prática outra…

Sem dúvidas, “Bom Menino” é aquele típico filme que divide opiniões: ou você ama ou não quer nunca mais ver. Não tem como negar que o longa avança em vários quesitos que citamos acima. Porém, ainda que a premissa de uma produção de terror construída sob a perspectiva de um cachorro seja algo inédito e a tentativa de fugir do comum, a ideia acaba não se concretizando bem quando colocada em prática.


Devido às limitações do cachorro, envolvendo ângulo e alcance da visão (como falamos no tópico de cima), compreensão dos acontecimentos e ações, a produção se torna monótona e repetitiva em vários momentos. Ficamos restritos aos mesmos ciclos de acontecimentos que cansam o espectador. 


Somado a isso, o filme termina com muitas pontas soltas e distancia mais o público que, por estar preso às descobertas e interpretações do cão, já não acessa muitas informações. O que são os seres malignos na casa? Por que eles estão ali? Os demais parentes sofreram o mesmo destino? Por que os cachorros são os mesmos? A pintura do cachorro com a entidade indica um conhecimento sobre a existência desses seres e reconhece um embate entre eles, mas de onde isso vem?]


Na teoria uma coisa, na prática outra…


O excesso de perguntas no final do filme reforçam a noção de que temos uma boa ideia em formato errado. Enquanto longa, a produção deixa a desejar, mas, se adaptada para um curta, renderia uma história fantástica de prender todo espectador.


Em resumo, “Bom Menino” é um filme que avança ao retomar a simplicidade que faz de uma obra um bom suspense. Porém, ainda carece de trabalhos e modificações para funcionar tão bem na prática, quando funciona no papel.


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