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A Semente do Fruto Sagrado é um forte concorrente de Ainda Estou Aqui?

Foto do escritor: Fabrizzio LarocaFabrizzio Laroca

Atualizado: 19 de jan.

Fomos ao Cineplex Novo Batel assistir ao longa iraniano A Semente do Fruto Sagrado e queremos dividir com você as nossas impressões. 


Primeiramente, um contexto: o filme retrata cenas de corrupção, ditadura, cultura machista intrínseca e violência muito recorrentes dentro do país, o filme foi tão ousado, que o diretor do filme teve que fugir do próprio país para não ser rechaçado. Justamente por isso, apesar de ser dirigido por um iraniano, é um dos fortes concorrentes a melhor filme estrangeiro pela Alemanha, por conta do editor do filme ser alemão. Ou seja, o próprio filme crava sua bandeira de protesto enquanto fala sobre os protestos no Teerã.

A Semente do Fruto Sagrado é um forte concorrente de Ainda Estou Aqui?

Sobre o enredo

A história acontece a partir da família de Iman (Missagh Zareh), principalmente pela Najmeh (Soheila Golestani), mãe da família e das duas filhas Rezvan (Mahsa Rostami) e Sana (Setareh Maleki), duas jovens com pensamentos progressistas, que vêem com outros olhos aquilo que sua cultura coloca como obrigação. 


Iman, um assistente investigativo de juízes, promovido a juiz de instrução, que promete o colocar em situação de proteção do governo juntamente com sua família, mas para isso ele precisa ferir sua honra e assinar documentos que comprovam culpa de algumas pessoas, os colocando frente a frente a uma sentença de morte. 


Iman recebe essa promoção em um momento em que o país está em completa revolução, onde endereços e informações de juízes são vazados na Internet para que sejam perseguidos pelos revolucionários.


A trama começa a se intensificar, quando a arma de serviço e proteção de Iman desaparece dentro de sua própria casa, podendo colocar em risco os 20 anos de trabalho do patriarca da família em poucos dias. O que transforma o terceiro ato do filme em uma espécie de O Iluminado do Oriente Médio.

A Semente do Fruto Sagrado é um forte concorrente de Ainda Estou Aqui?

Sobre a direção e edição


A direção deixa a desejar em alguns momentos, sendo perceptível que certos momentos e situações muito repetitivas poderiam estar fora do corte final, diminuindo sua duração em quase 45 minutos. 


Já a forma como foram editados os protestos, com cenas reais desses acontecimentos, deram um toque próprio ao longa, que o deixou naquele meio termo entre ficção e documentário, deixando tudo muito mais denso e  complexo.

Mas por que O Iluminado?

Bom, sobre os motivos que me fizeram escolher esse título, não direi muito para não lhes dar o temido spoiler, mas posso dizer que as diferenças de pensamento político dentro da própria casa, podem transformar a casa em um verdadeiro clássico de Stephen King. 

A Semente do Fruto Sagrado é um forte concorrente de Ainda Estou Aqui?

Sobre o elenco

Quem se destaca de fato dentre os atores, são as jovens promessas. As  atrizes Mahsa Rostami e Setareh Maleki que interpretam respectivamente Rezvan e Sana trouxeram toda a força e rebeldia repreendida que é necessária para esse filme, entregando na sua atuação aquilo que era necessário para sentirmos empatia pela situação das mulheres em um país extremamente machista.


Iman entrega o tradicional pai de família iraniano e dentre os principais, é o que tem menos tempo de tela, e infelizmente a Soheila Golestani, que interpreta a mãe da família é a que mais deixa a desejar, com uma atuação com pouquíssima potência,  longe do que era necessário para essa personagem que ocupa tanto tempo de tela em partes extremamente necessárias da trama. De longe, a jovem Setareh é a estrela que mais brilha nesse filme.

Nosso veredito

Muitos que leram até aqui querem provavelmente saber: A Semente do Fruto Sagrado é o suficiente para bater de frente com o longa brasileiro de Walter Salles? E a opinião desse humilde crítico é que: Não. Apesar da temática super forte e pertinente, o longa tem suas falhas, principalmente na atuação de Soheila e na falta de efetividade na decupagem do filme, tornando-o mais longo do que poderia ter sido. É sim um bom filme e eu diria que necessário para quem quer saber mais sobre a verdade nua e crua que se passa dentro dos conflitos do Teerã e mais necessário ainda como forma de protesto a um preconceito descarado que se esconde atrás da máscara cultural.


Um belo filme, mas de fato, tem suas falhas que o puxam um pouco para baixo na competição entre os melhores filmes internacionais de 2024.


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