Assistimos com exclusividade a tão aguardada adaptação aos cinemas de Wicked. A produção estreia nos cinemas brasileiros no dia 21 de novembro. Já pega o chapéu pontudo e vem conferir o que achamos!
Antes dos tijolos amarelos… (história)
Baseado no icônico espetáculo da Broadway, Wicked, o filme, serve como prelúdio da clássica história de Mágico de Oz, tendo como principal atrativo revelar a história pelo ponto de vista da Bruxa Má do Oeste. Afinal, por que ela é má? O que aconteceu antes dela se tornar essa figura tão temida?
Aqui conhecemos Elphaba (Cynthia Erivo), uma jovem brilhante, mas que teve uma infância conturbada por ter nascido com pele verde, indo estudar na Universidade de Shiz, onde encontra Glinda (Ariana Grande), uma jovem popular e cheia de privilégios. Contra todas as expectativas, elas se tornam amigas inseparáveis conforme vão se conhecendo.
Apesar da amizade, a diferença de ideais das duas é colocada em jogo quando Elphaba decide enfrentar o poderoso Mágico de Oz e expor as injustiças contra os animais do reino. O filme aborda todo o primeiro ato do espetáculo e mergulha fundo nos eventos que começaram a moldar a figura da Bruxa Má.
O mágico por trás das cortinas (aspectos técnicos)
A direção de Jom M. Chu merece destaque. Adaptar Wicked para o cinema com a fidelidade que os fãs exigiam não é tarefa simples, mas o diretor entrega com maestria. Com a excelente comédia Podres de Ricos e o musical cheio de coração In The Heights no currículo, o divo trouxe o mesmo capricho ao universo mágico de Oz.
E que figurinos! A reimaginação das roupas e vestidos é impecável, com cada detalhe pulsando estilo e fantasia. As cenas musicais trazem coreografias fluidas e uma execução visual que brilha, ainda mais se vistas na maior tela possível. As regravações dos clássicos, com a escolha certeira de gravar os números ao vivo durante as cenas, é o tipo de detalhe que faz a diferença e aumenta a imersão.
Se há algo que pode dividir opiniões é o uso intenso de CGI. Pode parecer artificial,mas essa escolha engrandece o visual e reforça o aspecto fantasioso de Oz. Outro ponto discutível é a duração do filme, que pode assustar o espectador casual. Mas, para os fãs devotos, é um presente. Dividir a história em duas partes permite que o roteiro explore com mais profundidade o passado de Elphaba, dando ainda mais camadas à figura complexa que virá a ser a Bruxa Má do Oeste.
As estrelas do espetáculo
O elenco de Wicked foi muito bem escolhido. Michelle Yeoh, vencedora do Oscar, traz toda a autoridade e presença necessárias para Madame Morrible, a disciplinada diretora. Jeff Goldblum brilha como o “grande” Mágico de Oz com sua marca registrada, enquanto Peter Dinklage empresta sua voz ao professor Dr. Dillamond, uma figura essencial na trama. Marissa Bode encanta como a doce Nessarose, e Ethan Slater é perfeito como o atrapalhado e carismático Boq, um nerd adorável com seu charme único.
Ainda em atuações: Jonathan Bailey. Ponto final. É só isso (não, brincadeira!). O ator, que é abertamente gay, arrasa como Fiyero, o jovem charmoso mais desejado da universidade. Vindo da elite de Oz, ele não dá a mínima para os estudos, e sua vibe de "não me importo" faz seu charme ser magnético. Sexy até o limite, Jonathan traz uma dinâmica divertida com Elphaba e Glinda, e é incrível ver um ator como ele brilhar em papeis de galã.
Ariana Grande-Butera está realizando o sonho de infância ao viver Glinda no filme. Embora não tenha o repertório de atuação de uma veterana para conquistar um papel principal, ela não só dá conta como extrapola e brinca com a personagem com uma naturalidade que nenhuma outra conseguiria. Ariana se diverte sem medo, fazendo com que o público se divirta junto com ela. Não é surpresa, né, que a voz está simplesmente divina!
A Elphaba da Cynthia Erivo eleva ainda mais o elenco. Rejeitada até pela própria família, Elphaba guarda dentro de si um ímpeto, uma coragem de ser diferente, uma benevolência e uma inteligência, reflexo de seu passado. Isso ganha uma camada mais profunda se tratando de uma atriz negra dando vida a personagem. Uma interpretação de nuances que precisa ser contida de vez em quando, mas que quando explode é uma potência.
E quando ela desafia a gravidade!
A cena de Defying Gravity, que encerra o primeiro ato do musical e a primeira parte dessa história no cinema, é simplesmente arrebatadora. Ali é onde uma amizade se rompe pelas circunstâncias, onde ideais diferentes não podem mais se convergir, e o momento de virada onde o destino das duas personagens tomam rumos distintos. A letra, a música, os cortes de cena e a carga emocional foram enaltecidos, criando um clímax memorável na tela. A partir daquele instante, não tem mais jeito, tudo irá mudar.
Todo mundo merece uma chance de voar
Não se assuste se ver alguém saindo da sessão de Wicked desesperadamente aos prantos. A mensagem que essa história carrega é tão poderosa que está internalizada nos fãs de longa data, que deságuam ao presenciar a adaptação finalmente ganhando vida. O filme é uma celebração de todos que se sentiram excluídos, mas que encontram dentro de si a força para desafiar o sistema que os oprime. É uma história de empoderamento, injustiça e resistência.
Para os que estão iniciando nesse novo universo pelo filme como janela, imagine que o doce de Wonka e o colorido de Barbie tiveram um filho mais colorido ainda, tendo In The Heights como um tio distante. Essa é a mistura que faz o espetáculo ser tão especial.
Assistir Wicked foi passar grande parte do filme sorrindo igual bobo, absorvendo cada detalhe que a história me trazia. Eu não conhecia nada da trama, só as músicas, e decidi não pesquisar sobre. Queria ser um espectador novo para que o filme me convencesse da história. Missão cumprida!
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