Começamos aqui uma série de matérias sobre cada uma das produções que concorrem ao posto de melhor filme no Oscar de 2020, na 92° edição da premiação, que terá inicio no domingo, dia 09 de fevereiro e com transmissão aberta ao Brasil pela TNT a partir das 20h30. A seguir farei uma análise de Parasita, História de um casamento e Coringa.
Parasita (Bong Joon-Ho)
Antes de começar a falar sobre este filme, eu já queria deixar um aviso de primeira viagem: eu sou péssimo em esconder parcialidade. E como Parasita é indiscutivelmente meu filme favorito, eu não vou nem tentar. Dito isto, a história se passa entre os núcleos das famílias Ki-Taek e Park, uma terrivelmente pobre e a outra terrivelmente rica. O trama da história se inicia quando um dos membros da família Ki-Taek recebe a indicação de um amigo para se apresentar como professor de inglês da família abastada, mas para isso, ele precisaria se passar por um estudante universitário – o que ele não era. Assim que Ki-Woo começa a trabalhar para a família, ele começa sua empreitada para falsificar a identidade dos outros membros de sua família e sabotar os empregos dos antigos funcionários da casa para que os mesmos ocupem seus lugares. Quando o plano começa a funcionar e passamos a acreditar que eles são os “parasitas” do filme, a trama nos leva a confrontar uma escala de sobrevivência muito maior que a da própria família. Parasita é um daqueles filmes que conseguem navegar por todos os gêneros do cinema com uma maestria completamente invejável. O mesmo filme que se apresenta como um drama familiar envolve o telespectador em momentos de comédia e tensão e termina com uma reflexão extremamente apurada sobre desigualdade social entre classes econômicas.
Bold prediction: Antes de começar as premiações, eu temia muito que a barreira idiomática nivelasse o filme por baixo. Após levar o Palme D’or em Cannes, o melhor filme estrangeiro no Critics Choice Awards e o melhor elenco no Sag Awards esse medo caiu por terra. Indicado em seis categorias ao Oscar, a estatueta de Melhor Filme Internacional já está praticamente garantida. O que nos resta saber é se a academia de cinema vai ter coragem o suficiente para dar a Parasita o titulo de Melhor Filme o que seria totalmente merecido.
História de Um Casamento (Noah Baumbach)
Se História de Um Casamento não é para mim o melhor filme desta geração ele é certamente o meu queridinho. Com atuações impecáveis e personagens extremamente bem construídos, a história deste casamento é contada pelo viés do divórcio e não do amor. Quase materializando a frase de Jamil Sneage que falava que “Não se vive o amor; sofre-se o amor. Sofre-se a ansiedade de não poder retê-lo, porque nossas cordas afetivas são muito frágeis para mantê-lo retido e domesticado como um animal de estimação. Ele é xucro e bravio e nos despedaça a cada embate e por fim se extingue e nos extingue com ele” este filme mostra o fim de um relacionamento como algo natural – e não com a romantização clichê que o cinema geralmente proporciona. Não existem atos desesperados de amor para tentar reconquistar o outro, não existe declarações publicas sobre como tudo é perfeito e como a outra pessoa vai mudar, tudo que o filme tem a oferecer são boas atuações, uma história fantástica e uma das grandes obras de arte desta nova geração de filmes.
Bold prediction: A previsão mais acertada deste filme é apontar em Laura Dern a vencedora da categoria de Melhor Atriz Coadjuvante. Mas honestamente eu não ficaria nada surpreso se Scarlett Johansson levasse o papel de Melhor Atriz Principal. Enquanto ao outro elo do filme, Adam Driver foi perfeito neste filme (como quase sempre é) e sem dúvida elevou em muito a disputa pelo prêmio de Melhor Ator Principal, mas levando em contas os outros festivais seria muito difícil imaginar esse prêmio não indo para Joaquin Phoenix, então nem vou criar expectativas.
Coringa (Todd Phillips)
Em quase todos os Oscars acontecesse o fenômeno de um filme ser lançado no meio do ano, empolgar todo mundo, surgir como principal candidato a tudo e perder forças perto da premiação. Apesar de já ter empilhado algumas estatuetas em premiações afora, Coringa parece ser mais um destes casos. Unanimidade entre os críticos há alguns meses atrás o filme já começa perder forças em várias categorias – menos em uma: a de Melhor Ator Principal. Joaquin Phoenix que já era um ator renomado antes de chegar ao filme, deu vida a um dos vilões mais famosos do mundo do cinema de maneira magistral. Ele não apenas reinterpretou um personagem famoso como deu vida ao mesmo de sua própria maneira.
Coringa mesmo antes do Oscar já chega com a estigma de ter revolucionado a maneira de abordar filmes de super-heróis e anti-heróis e trouxe debates como saúde mental e desigualdade social de volta à tona. Mesmo que não empilhe estatuetas no Oscar, o filme certamente agradou muito seu publico e conversas para que uma sequência com o mesmo ator já começa a ganhar folego.
Bold prediction: Como já mencionei antes, eu realmente não consigo ver o prêmio de Melhor Ator Principal indo para qualquer outra pessoa que não seja Joaquin Phoenix. Quanto as outras categorias, eu não colocaria o filme como um dos favoritos, mas não seria surpresa nenhuma se mais uma ou outra estatueta viesse – incluindo a de Melhor Diretor.
Comments