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Bugonia - Yorgos Lanthimos e sua fórmula

  • Foto do escritor: Fabrizzio Laroca
    Fabrizzio Laroca
  • há 7 dias
  • 3 min de leitura

Se eu dissesse pra você que fiquei empolgado quando vi sobre Bugonia, estaria mentindo. Isso porque depois de Pobres Criaturas, o diretor Yorgos Lanthimos seguiu entregando filmes com uma janela de tempo muito curta entre eles, o que pode significar uma perda significativa de qualidade. Felizmente posso dizer que não foi isso que aconteceu com Bugonia, pois o longa protagonizado por Jesse Plemons, Emma Stone e Aidan Delbis surpreende positivamente. Seja na entrega dos atores, na complexidade de seus personagens, na qualidade fotográfica, direção ou sonoplastia, Bugonia tem uma assinatura marcante, já presente em muitos filmes dirigidos por Lanthimos.

Bugonia - Yorgos Lanthimos e sua fórmula

A temática do filme

Bugonia é um remake do filme sul coreano “Save the Green Planet!”. A trama acompanha a jornada de dois homens responsáveis pelo sequestro de Michelle Fuller, uma renomada CEO do ramo farmacêutico que eles acreditam ser uma alienígena, responsável por destruir a vida na Terra. Teddy (Jesse Plemons) é responsável por todo o plano, Don é primo de Teddy, que o acompanha desde o sequestro até o interrogatório, com torturas e seus requintes de crueldade.

Bugonia - Yorgos Lanthimos e sua fórmula

Coerência contemporânea

Em um mundo que não se sabe direito o que é realidade e o que é artificial, em uma época em que as teorias de conspiração parecem ganhar cada vez mais força dentro dos fóruns, reddits, redes sociais e afins, temos uma obra digna do seu tempo. Bugonia é assustadoramente atual em sua temática, principalmente quando estamos falando dos absurdos que acontecem nos ermos do interior dos Estados Unidos.

Bugonia - Yorgos Lanthimos e sua fórmula

O roteiro

Teddy acusa Michelle Fuller de ser uma andromedana, parte de um povo antigo da galáxia de Andrômeda, que está cultivando aos poucos a destruição da raça humana. Teddy Gatz é um personagem complexo, repleto de traumas e que trabalha com o respaldo de suas “pesquisas” em relação ao comportamento dos andromedanos.

Gatz submete sua refém a testes, que vão confirmando para ele que Fuller é exatamente quem ele diz ser. Don é primo de Teddy e acredita que seu primo é uma pessoa sensata e que sabe muito bem o que está dizendo, seguindo seus passos e ordens, mesmo que por muitas vezes não concorde com os atos.


O roteiro é esperto e trabalha de forma ambígua, cada acontecimento vai sempre deixando aquela pulga atrás da orelha, que nos faz pensar em um certo momento “será que é mesmo uma teoria da conspiração ou o Teddy realmente está certo?”.

Bugonia - Yorgos Lanthimos e sua fórmula

O playground de Yorgos Lanthimos

O diretor já vem mostrando em suas diversas obras recentes, que está construindo um estilo próprio de direção, mostrando que ainda existe espaço para o novo dentro do audiovisual. O estilo meio surrealista de Lanthimos se faz muito bem vindo nesta obra, mesmo que dessa vez em uma história mais contemporânea e menos irreal. Pois dentro de suas viagens surrealistas, o diretor pôde explorar o imaginário das teorias de conspiração, trazendo até um certo tom mais cômico em temáticas que poderiam ser muito pesadas. Arrisco dizer que Bugonia fica na mesma prateleira que outras grandes obras de Lanthimos, como Pobres Criaturas, A Favorita e O Lagosta.

Bugonia - Yorgos Lanthimos e sua fórmula

As atuações

Esse filme não seria o mesmo sem a potência de tela que Jesse Plemons e Emma Stone trazem à tona. Jesse já demonstra a tempos que tem uma capacidade absurda de interpretar personagens aterrorizantes e isso é inegável, mas com Teddy o ator conseguiu explorar camadas antes inexploradas por outros personagens que compartilham do mesmo arquétipo. Isso deu palco para uma atuação estonteante de Emma Stone que interpretou duas personagens distintas em uma mesma carcaça: Uma CEO poderosa e cheia de si e uma refém gentil e diplomática, com um texto cheio de argumentos sensatos e comentários ardilosos.


Bugonia - Yorgos Lanthimos e sua fórmula

Saldo final

Talvez pela baixa expectativa que eu construí antes de ver o filme, Bugonia foi uma das maiores surpresas do ano. Com uma direção concreta e que diz muito do estilo de Yorgos, ele consegue trazer um tema extremamente atual para um âmbito surrealista e se diverte com isso como se o texto fosse o seu playground.


Esse é o tipo de filme que pode fazer uma aparição nas premiações da academia no ano que vem, já que a película tem seu carisma e a assinatura de um diretor já bem presente nos lobbies do Oscar. Ah, eu sinceramente, não esperava a reviravolta no final.







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