“O Urso” foi uma série que tomou de assalto a crítica e a audiência. Pouco badalada em sua estreia e com um marketing discreto, o boca a boca foi o principal propulsor dela. Com um ritmo frenético e ansioso, acompanhamos Carmy (Jeremy Allen White), um dos melhores chefes do mundo, assumir o falido restaurante do seu falecido irmão e tentar torná-lo em um lugar funcional, sobretudo com a ajuda de Sydney (Ayo Edibri). Ao final da temporada, vemos ele descobrindo uma fortuna que vai permitir reformar o restaurante, dando assim, a premissa para a nova temporada. Venha ver porque essa nova temporada é a melhor coisa do ano (e aqui vai um spoiler: teremos um texto falando exclusivamente do 6º episódio, “Fishes”, que é uma obra de arte feita para televisão).
Tecnicamente ela beira a perfeição
Seja no roteiro, seja nas atuações, essa temporada de “The Bear” possui poucas falhas. Hitchcock disse uma vez que a criação do suspense, que será desencadeado no ápice da história, ocorre porque o roteiro torna o espectador alguém ciente de todos os seus elementos. Isso é seguido perfeitamente nesta temporada. Todos os arcos ao longo da temporada são desenvolvidos de forma gradual e transparente, mesmo que fique só claro em suas conclusões. Isso ganha maior força com a boas atuações do elenco, seja do fixo, que agora está mais ciente dos seus personagens, ou então dos convidados, como Bob Odenkirk, Sarah Paulson, Gillian Jacobs, Will Poulter, Jamie Lee Curtis e Olivia Colman, que só exponencializam o talento presente nessa série. Há que se destacar a fotografia e a trilha sonora também, que são muito bem utilizadas para transmitir o momento das cenas e dos personagens.
Mostra uma outra realidade de um restaurante
A primeira temporada da série é focada muito na tentativa de Carmy de instalar um sistema das cozinhas dos grandes restaurantes no caótico The Beef, herdado após a morte de seu irmão. Nessa temporada, a história foca sobretudo na reforma do restaurante (e surgimento do The Bear), e consequentemente na parte burocrática e financeira. É interessante também notar como os roteiristas aproveitaram a realidade pós-pandemia para trazer uma certa tensão à série. E para manter o tempero visto na primeira temporada, ainda há toda a jornada da busca por um cardápio para esse novo restaurante, que passa por inspirações gastronômicas em outros restaurantes e encontrar novos fornecedores.
O foco são os personagens e suas reformas
O grande mérito desta temporada é, entretanto, o enfoque nos personagens, evidenciado no fato que há episódios que acompanham um único personagem. Se na temporada de estreia o foco foi no coletivo e seus conflitos com o restaurante como pano de fundo, nesta o foco está nos arcos de transformação, seja do restaurante, como dito anteriormente, ou seja dos personagens. Este enfoque mostra a evolução paulatina dos personagens ao retirá-los de suas zonas de conforto, seja individualizando-os e removendo-os das equações da relações caóticas vistas na primeira temporada, tendo como grande exemplo o 7º episódio, “Forks”, que foca em Richie (aqui magistralmente interpretado por Ebon Moss-Bachrach), ou então os coloca em novas relações, como é o caso de Carmy, um personagem totalmente individualizado na primeira temporada, e que busca ao longo dessa se envolver mais com as pessoas e se permite até mesmo vivenciar um romance.
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