Unindo nostalgia e aventura, Skeleton Crew, a nova série de Star Wars, chegou recentemente ao catálogo do Disney+. Prometendo trazer uma aventura totalmente original, a produção conta com um elenco predominantemente infantil no centro da ação que dá uma visão fresca e nova para a saga.
Conferimos os dois primeiros episódios, e assim como muitos fãs, fomos pegos de surpresa. A produção que parecia discreta acabou entregando um início interessante, cheio de aventuras e mistérios.
O pontapé inicial
No pacato planeta de Att Attin, conhecemos um grupo de quatro crianças que terão seus destinos entrelaçados. Wim e Neel, amigos inseparáveis, se preparam para um teste que vai moldar suas carreiras no futuro. Enquanto Neel vive a vida com disciplina e otimismo, Wim, sonhador e aventureiro,vive imerso nas lendas de antigos cavaleiros e naves histórias, e revela sem medo: “Eu quero ser um Jedi”.
Quando uma força misteriosa é desenterrada em seu planeta natal, eles acabam se unindo a Fern e KB em uma jornada inesperada. Perdidos no espaço após ativar algo que jamais deveriam ter encontrado, as crianças enfrentam a perigosa galáxia enquanto tentam voltar para casa. Pelo caminho, cruzam com um misterioso homem com habilidades místicas, que promete guiá-los de volta – mas será que ele é digno de confiança?
Estabelecido a aventura, vamos destrinchar um pouco do que faz a estreia de Skeleton Crew ser tão especial e promissora.
Referências aos clássicos? Temos!
A série começa com saldo positivo, mostrando que Jon Watts e Christopher Ford fizeram a lição de casa. Logo de cara, temos tudo o que faz um fã de Star Wars sorrir: letreiro surgindo com três parágrafos que situam o contexto histórico, seguido pelo mergulho no universo estrelado.
A câmera desce, revelando um planeta distante, enquanto uma pequena nave é interceptada por outra, muito maior. O confronto é rápido, a derrota, inevitável, e um vilão mascarado surge para impor sua presença. A cena remete diretamente à abertura de Uma Nova Esperança. Ameaça estabelecida, com uma pequena reviravolta, é assim que se abre uma produção de Star Wars!
Outro ponto de rima visual imediata é a sequência em que Wim percorre a floresta de Att Attin com sua bike motorizada, trazendo à memória a perseguição de O Retorno de Jedi, onde os stormtroopers caçam Han e Leia na lua florestal de Endor.
Os acertos da estreia
Christopher Ford e Jon Watts encontraram a fórmula perfeita para conduzir a atuação das crianças. Combinando a inocência, o improviso e a espontaneidade, os showrunners contam em entrevista que moldaram os personagens da série para combinar com a personalidade de cada um dos atores mirins. Genial! Cada criança tem seu momento para brilhar, e fica difícil não se afeiçoar a elas. Prepare-se para querer adotá-las por mais algumas semanas!
Inspirada pelo charme de clássicas aventuras juvenis, a série captura a vibe de aventuras clássicas como Os Goonies e Perdidos no Espaço, misturando essa energia com uma pitada de Stranger Things.
Os visuais são um misto de altos e baixos. Em algumas cenas diurnas no planeta Att Attin, as casas e a natureza têm um toque artificial que destoa um pouco, mas os efeitos práticos estão impecáveis. Os alienígenas (e são vários!), suas movimentações e a interação com o ambiente mantém o padrão que os fãs esperam e que já foram estabelecidos em outras produções do estúdio.
Há algo de especial na trilha sonora de Mick Giacchino que soa genuinamente original. O compositor, que também assina a trilha da série Pinguim, aposta em acordes melódicos e otimistas de harpas e violinos para criar sua música. Como manda a cartilha de quem trabalha com Star Wars, ele também faz a lição de casa: a referência ao original. Para isso, emula com sutileza as notas do tema da Força de John Williams na cena final do segundo episódio, transformando a trilha em um personagem à parte, que adiciona ainda mais vida às cenas.
Potencial? Temos também!
O nome Star Wars carrega um legado inquestionável e uma base de fãs fervorosa ao redor do mundo. Com tantas produções espalhadas, desde animações, séries como Ahsoka e Andor, até os filmes clássicos, a porta de entrada para o público geral pode parecer confusa ou distante. Cada obra oferece propostas únicas, indo do drama à ação e, agora, à comédia juvenil com Skeleton Crew.
A questão é que, para muitos, o nome Star Wars ainda remete quase exclusivamente à família Skywalker, à batalha de sabre de luz e às naves espaciais. Isso dificulta e afasta uma parte do público que acaba não dando a oportunidade de se levar para outro ângulo. Sem uma linha narrativa única e de fácil acesso, como a da Marvel, é comum que espectadores fiquem receosos em se aventurar por produções que parecem fugir do que já conhecem.
No entanto, Skeleton Crew é o tipo de série que, se descoberta casualmente (por um chamado da força) no catálogo do Disney+, pode surpreender. Com sua narrativa de aventura leve, esse é um exemplo otimista de como esse universo pode ser explorado, desmembrado e aprofundado. Assim como Andor adotou o drama político e a resistência em sua essência, Skeleton Crew mergulha em um núcleo suburbano, apresentando personagens comuns com rotinas comuns, até que o destino os arraste para uma jornada inesperada.
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