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A Natureza das Coisas Invisíveis é meigo, sutil e emocionante

  • Foto do escritor: Marcos Silva
    Marcos Silva
  • há 6 dias
  • 3 min de leitura

Assistimos com exclusividade ao longa A Natureza das Coisas Invisíveis. O filme brasileiro que rodou em vários festivais chega aos cinemas no dia 27 de novembro. A seguir, a história e nossas impressões.

Coisa de criança

Glória é uma garota de dez anos que está passando suas férias com a mãe em um hospital onde ela trabalha. Entre correrias de uma rotina apertada, a garota se encontra com os pacientes e ouve suas histórias para passar o tempo.


Em um desses dias, ela acaba se encontrando com Sofia, uma menina que vai parar no hospital para acompanhar a mãe na internação de sua bisavó. Elas rapidamente formam uma amizade e fazem dos corredores daquele local o playground de suas aventuras juntas.

A Natureza das Coisas Invisíveis é  meigo, sutil e emocionante

Glória, que passou por uma cirurgia de transplante de coração, lida com situações profundas que parecem não ser só dela, enquanto Sofia faz companhia para sua bisavó na esperança de uma melhora. O filme nos convida a apreciar, junto das garotas, uma breve jornada que entrelaça temas como perda, despedidas e conexões de forma emocionante e poética.

O sutil quase invisível

Este é um longa que se engrandece pelos detalhes. E todos esses detalhes só funcionam bem graças à capacidade de observação da diretora e roteirista Rafaela Camelo. O texto que parece simples à primeira vista, é na verdade ambicioso e cheio de entrelinhas. As histórias que os pacientes contam para Glória se refletem nas cenas e no imaginário da garota de forma bem criativa.

A Natureza das Coisas Invisíveis é  meigo, sutil e emocionante

A fotografia é outro ponto de acerto. Quando no ambiente fechado do hospital, ela é mais fria e aposta em uma câmera que fecha bem em ângulos que exploram os sentimentos de angústia, mas também de esperança dos personagens. Já na segunda metade do filme, em uma área rural, ela prefere explorar (muito bem) a luz natural e a paisagem daquele local. 


Nos dois momentos, Rafaela não deixa de focar com muita precisão no sutil e em momentos despretensiosos, e são esses em que o filme cresce em qualidade. Há uma jogada bem legal feita pela produção, onde em vários momentos do filme é possível ver figuras de coração. Seja o próprio órgão exposto, estampado nas roupas das crianças ou em formato de doce, esse simbolismo – e outros – criam um senso de unidade para o filme e para os temas que ele escolhe explorar. 

A Natureza das Coisas Invisíveis é  meigo, sutil e emocionante

O Elenco

Em termos de atuações, temos bons pontos a se considerar. A bisavó, vivida pela atriz Aline Marta Maia é uma força que não precisa de muito para se mostrar. Sua atuação é cheia de afeto e energia, fazendo dela o destaque e o coração do filme. Camila Márdila é a mãe de Sofia e entrega uma atuação contida e cheia de momentos emocionantes.

Mas o que prende mesmo é o trabalho das duas protagonistas. Laura Brandão faz a sua estreia em um longa e já demonstra um profissionalismo surpreendente. Glória é uma menina cheia de energia e imaginação, que consegue ser doce e ao mesmo tempo questionadora. Laura tira de letra com seu trabalho. 

A Natureza das Coisas Invisíveis é  meigo, sutil e emocionante

A outra estreante, Serena é o elo que ajuda a mover a trama. A garota que, mesmo nova, passou por uma experiência que transformou sua vida, precisa agora olhar para o seu passado para encerrar um ciclo. A atriz já mostra uma capacidade de segurar tramas complexas com uma capacidade ao mesmo tempo doce e direta.

Sagrado Feminino

A Natureza das Coisas Invisíveis (um belo título a propósito) é um filme meigo, sutil, emocionante, e totalmente brasileiro. É uma visão centrada sobre a vida como um ciclo, as despedidas, o luto, e principalmente, a passagem para um outro além. No meio disso, existem momentos em que o filme encontra um humor despretensioso e que aquece o coração.

A Natureza das Coisas Invisíveis é  meigo, sutil e emocionante

É como se a diretora voltasse a ser criança e estivesse cheia de curiosidades sobre os adultos que a cercam. Para onde eles vão quando se vão? Só com uma mente limpa e uma alma leve é possível criar uma obra tão delicada quanto essa. E mais uma coisa: fique só mais um pouquinho para assistir aos créditos finais. Vai valer a pena!


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