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Suçuarana - Os traumas de um Brasil ferido e explorado

  • Foto do escritor: Fabrizzio Laroca
    Fabrizzio Laroca
  • há 1 dia
  • 2 min de leitura

O cinema brasileiro tem uma forma muito própria de ser, tem um jeito de contar o cotidiano nas entrelinhas e de forma visceral. Em Suçuarana, obra brasileira dirigida por Clarissa Campolina e Sérgio Borges, não tinha como ser diferente. Vem ver o que a gente achou do longa que chega dia 11 aos cinemas!


Povo sofrido e terra explorada

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Nós acompanhamos Dora nessa estrada em busca de algo que é a única coisa que a conecta com o que ela acredita ser de verdade: O Vale da Suçuarana, um lugar importante para sua mãe, mas que Dora só conhece por foto. Chegar até esse lugar prometido é o desejo final da nossa protagonista. Nessa jornada, de vez em sempre, Dora tem a companhia de Encrenca, o seu cachorro [quase que] inseparável.


Esse drama roadtrip nos entrega uma grande quantidade de cenários e paisagens amplas que vertem a história das suas paredes, chão e desolação. Acompanhamos o caminho de Dora em uma estrada que oprime, assim como a vida opressora das minas daquele local. É interessante descobrir a empatia pela vida que Dora leva, enquanto a vê desbravando sentimentos e relações e se reconstruindo de algo a muito tempo quebrado dentro de si.

A direção

A dupla de direção nos deixa acompanhar de forma lenta a lenta progressão de Dora pelas duras estradas de um nômade viajante, sem pressa de nos fazer entender quem ela é ou os porquês da sua escolha de vida.


A união de algumas cenas foi planejada para que não fôssemos apenas observadores da situação da protagonista, mas que sentíssemos o que ela estava sentindo em cada momento importante dessa história.


A fotografia

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Confesso ter sentido uma estranheza no começo, por ver imagens tão lavadas, cruas, que por vezes não parecia ter aquele visual de cinema, abrindo cenas com câmeras tremidas e algumas perdas de foco. Mas com o tempo fui me habituando com o clima e pude apreciar um pouco mais algumas jogadas de câmera e escolhas fotográficas que realmente ajudavam a contar uma história. Infelizmente por vezes a fotografia se perdeu. Deixando com que a fotografia fosse um elemento que ofusca a história a ser contada.

As atuações

Sinara Teles carrega esse enredo nas costas. A escolha da protagonista foi acertadíssima, pois além da aparência de um brasileiro de verdade, Sinara tem uma atuação cheia de camadas. Sinara demonstrou maturidade, com uma atuação que não precisa ser dita, que tá ali presente, gritando com o olhar, com as rugas da face, com o sorriso leve, com o corpo tenso.


Por vezes, devo admitir que tive a sensação de que algumas pessoas do elenco, não eram atores, mas sim pessoas daquele lugar que toparam participar desse projeto. Outras vezes, notei que algumas interações de outros personagens com a Dora, pareciam mais teatrais do que uma conversa mais natural como no cinema, e isso pode acabar tirando um pouco o foco do que está acontecendo.


Nosso veredito

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Para aqueles que não gostam muito daquele cinema lento, esse filme pode acabar sendo um pouco maçante, mas pode ter certeza que no final das contas, a relação de Dora com Encrenca pode conquistar muitos corações por esse Brasil.


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