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Skeleton Crew é a série mais Star Wars que ninguém viu

Foto do escritor: Marcos SilvaMarcos Silva

Desde o anúncio de Skeleton Crew, os fãs de Star Wars estavam curiosos sobre como a série se posicionaria dentro do universo da saga. Sob o comando de Jon Watts, ela chegou entregando uma aventura com a vibe dos anos 80 enquanto explora novas orlas da galáxia sem se perder em excessos narrativos. Mas será que isso foi o bastante para conquistar o público? Vem que eu te conto!

Skeleton Crew é a série mais Star Wars que ninguém viu

E não é que foi uma aventura de verdade!

Uma das maiores virtudes dessa primeira temporada é o seu foco. Cada novo episódio revela um pouco do contexto histórico em que se passa a série, mas os showrunners acertaram em não se obrigarem a desenvolver cada detalhe desse entorno. É direto ao ponto e ainda e ainda emula o elemento de “pegar a ação no meio” dos filmes de Star Wars. Para que serve o planeta At Attin? Qual sua conexão com a galáxia? Quem é tal personagem?  Essas questões ficam de lado. Ajudam a atiçar a curiosidade, mas, honestamente, suas respostas não fazem falta alguma em termos narrativos.

Skeleton Crew se beneficia muito da estrutura episódica estabelecida em Mandalorian: aventuras fechadas de meia hora que contribuem para a narrativa da temporada. A troca de diretores a cada episódio e o design de produção reforçam essa ambientação. Em cada episódio, viajamos de planeta em planeta com nossos herois, enfrentando monstros e outras ameaças locais, e saímos com um gancho irresistível para o próximo capítulo. É uma série que conseguiu o melhor dos dois mundos: trouxe uma dose semanal de alegria, e agora funciona muito bem como uma maratona leve e despretensiosa.

Skeleton Crew é a série mais Star Wars que ninguém viu

Um destaque mais que especial é o episódio dirigido por Bryce Dallas Howard que é essencial para a reta final da temporada. Nele, Jude Law tem uma das melhores cenas de Jod, onde o pirata é julgado por sua antiga tripulação e consegue virar o jogo ao seu favor, enquanto as crianças sozinhas precisam sobreviver sem a ajuda do antagonista, e acabam desenvolvendo mais a fundo a amizade e lealdade uns com os outros.


A trilha sonora de Mick Giacchino, que marcou presença nos dois primeiros episódios de estreia, consegue melhorar ainda mais e amplia toda a experiência de acompanhar a série. Existem algumas limitações em questão de efeitos visuais, onde tudo parece bem artificial, mas que é compensado na boa direção dos episódios e da ação que está em tela. Os efeitos práticos e o design dos sets fechados compensam o CGI e elevam a identidade da produção em grande parte.

E eis que surge um Sabre de Luz…

Não me entendam mal! Como fã de Star Wars, também vibro (ou me assusto) quando um Sabre de Luz entra em cena. Porém, a questão aqui está no desenvolvimento da vilania do personagem do Jude Law. Jod é apresentado como um pirata calculista e manipulador, disposto a tudo para alcançar seus objetivos, mesmo traindo aqueles que confiam nele. Estabelecido isto, fica muito estranho na reta final do episódio o quão facilmente ele é enganado pelas crianças. O episódio final carece de um ritmo mais calculado, onde cenas de Jod ameaçando todo mundo com Sabre acontecem em looping e uma conclusão apressada deixa a sensação de que Jod desiste no meio do caminho sem razão clara.

Skeleton Crew é a série mais Star Wars que ninguém viu

Se a ideia era estabelecer Jod como um vilão implacável, o roteiro poderia ter aprofundado suas ações e o perigo que ele representa. No entanto, devido à abordagem mais infantil da série, a ameaça dele acaba sendo apenas imaginada, o que não convence muito. Além disso, a decisão de revelar ao Wim o passado do pirata no auge do confronto principal só contribuiu para enfraquecer o ritmo do episódio.


Apesar disso, preciso dar o braço a torcer: Jude Law trouxe uma interpretação carismática e consegue cativar o público com o que ele trouxe para o personagem. A decisão dos showrunners de não dar uma tradicional redenção ao vilão nos moldes de Star Wars também foi bem vinda e reforça a coerência com o cerne do personagem e sua história.

Não posso dizer que me lembrarei de At Attin

Apesar do ritmo irregular dos episódios finais, a primeira temporada de Skeleton Crew é uma adição simpática ao universo de Star Wars. Ela explora orlas da galáxia sem se aprofundar muito nas respostas, mas focando no essencial para enriquecer a jornada das crianças. O desenvolvimento e a química do elenco mirim é um dos grandes trunfos da produção e todas elas entregaram ótimas atuações.

Skeleton Crew é a série mais Star Wars que ninguém viu

Ainda assim, Star Wars enfrenta um momento delicado. Após o fracasso iminente de The Acolyte, a estreia de Skeleton Crew sofreu com uma recepção tímida em audiência e parece não ter ganhado muito público nas semanas seguintes. Talvez por se tratar de uma história contida em si mesma e não apresentar grandes plot twists, o burburinho nas redes sociais nem mesmo existiu. 


Se depender do criador Jon Watts, há espaço para a história continuar e crescer. E, embora o futuro da série seja incerto, há de se reconhecer o trabalho cuidadoso que foi feito aqui. Com sorte, Skeleton Crew pode encontrar uma nova vida no catálogo do Disney Plus, e quem sabe até surpreender em uma possível segunda temporada.



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