Pasárgada acompanha Irene, uma ornitóloga solitária que, em seus 50 anos, redescobre sua essência durante um projeto de pesquisa no coração da Mata Atlântica. Irene conhece Manuel, um mateiro que tem a habilidade de se comunicar com os pássaros, vivido de forma brilhante por Humberto Carrão. Juntos, eles estreitam seus laços à medida que se perdem e se encontram na vastidão da floresta, despertando em Irene provocações sobre sua vida. Com essa premissa, o filme teve sua pré-estreia, junto da diretora e roteirista Dira Paes, na Mostra Vertentes do 18ª CineBH no dia 26 de setembro.
A inspiração chegou no momento certo. E foi no momento pandêmico que Dira sentiu a necessidade de fluir e expandir ainda mais suas habilidades artísticas, o que a levou a alçar voos não só ao estrear como diretora, mas também como roteirista e na montagem de Pasárgada. A atriz queria ter certeza que sua essência e sua ideia fosse entregue por completo no projeto.
Ela encanta, mas também provoca reflexões profundas sobre o abuso do ser humano com a natureza e o meio em que vive, enquanto reflete a intensa desconstrução de uma protagonista em conflitos com seus próprios ideais. Dira entrega uma obra que encanta pela beleza dos planos abertos e pela sensibilidade ao retratar a mata, transformando-a em símbolo de acolhimento e transformação.
A performance de Dira como diretora é notável, especialmente ao unir a narrativa com questões pertinentes como o tráfico de animais silvestres, terceiro maior tráfico do mundo. A história de Irene se torna uma metáfora para a busca por libertação, não apenas dela, mas também da natureza à sua volta. No fim, o voo de Irene simboliza sua libertação de amarras pessoais e sociais, consolidando Pasárgada como uma estreia brilhante para Dira Paes, que provoca reflexões necessárias enquanto nos presenteia com uma obra contemplativa, poética e cheia de alma.
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