Pacificador: a segunda temporada é boa, mas deixa uma red flag
- Marcos Silva

- 12 de out.
- 3 min de leitura
A segunda temporada de Pacificador é tudo o que se espera de James Gunn: caótica, engraçada, cheia de personalidade — e, ainda assim, um pouquinho frustrante. Após os eventos de Superman, os novos episódios mostram que o diretor realmente tem um plano para o DCU. A dúvida é: será que ele ainda tem controle sobre o caos que criou?

O mundo perfeito não exist…
O grande acerto da temporada é utilizar o temido multiverso a favor da história e do desenvolvimento do protagonista. Quando Chris encontra uma versão de sua vida perfeita — com o pai amoroso, o irmão vivo e o amor correspondido por Harcourt —, tudo parece bem… até ele descobrir estar em um universo onde os nazistas venceram! É um dos momentos mais afiados da série.

O grande plot twist (que estava bem na cara) muda toda a trama do meio da temporada e é onde se encontram os melhores episódios. O legal de Peacemaker é como o James Gunn encontra maneiras de ser político sem precisar fazer quase esforço algum no seu texto. É levar ao absurdo aquela ideia de que a grama do lado vizinho não é tão verde assim.
A equipe Checkmate
O elenco é o coração pulsante da temporada. Sob um texto generoso que constroi diálogos muito bem elaborados e humanos, somos servidos por ótimas interpretações. Desde o cinismo metódico de Steve Agee como o Economos até o escapismo alegre e bobo do Freddie Stroma como o Adrian, melhor melhor amigo de Chris, todo o elenco brilha ainda mais nos novos episódios.
John Cena domina o papel com uma entrega impressionante. Não só nas cenas que precisam de toda sua “galhofice”, como nos momentos de maiores curvas dramáticas, o heroi surpreende pela sua vulnerabilidade. Jennifer Holland, por sua vez, dá profundidade à Harcourt, especialmente ao confrontar as feridas deixadas por Rick Flag Jr.

Agora, a estrela do show com certeza é Danielle Brooks. Sua Adebayo é a companheira mais calorosa do grupo. Duas cenas da queen merecem destaque: o término de relacionamento mais sincero e honesto da TV recente, e o momento em que ela confronta Chris, pedindo que ele pare de negar seus sentimentos.
Afinal…foi uma bomba mesmo?
James Gunn é apaixonado por Pacificador. E isso ele não esconde nem um pouco. Em suas últimas declarações, o diretor disse que os últimos três episódios dessa temporada foram a melhor coisa que ele já havia feito.
Eu amo pessoas apaixonadas pelo que fazem, e amo o fato do James Gunn se dispor a compartilhar cada frame que pode dos bastidores de seus projetos. Porém, nosso web divo precisa ter um cuidado especial, ainda mais como chefão do DCU.

Quando ele opta mais para um desenvolvimento de personagens, ao invés de um final apoteótico — e um cameo somente para encargos de fanservice — parece ser um sinal de lealdade para com o microcosmos de Pacificador. Porém essa ideia vai por água abaixo quando o episódio final se torna, ao mesmo tempo, um grande ensaio para projetos futuros.
Deve se existir um balanceamento entre a entrega dos projetos e a expectativa que o público está com os próximos passos, ainda mais visando o sucesso crescente deste novo universo. Porque, a frustração dos fãs com um hype exagerado, também pode ser crescente, e destruir um universo inteiro…(Alô, Marvel!)
Em algum lugar do planeta Salvação
A segunda temporada de Pacificador passa longe de ser ruim, muito pelo contrário. Ela soube roubar a atenção do espectador semana após semana, construindo aos poucos uma trama sólida, porém com muitas abas abertas na finalização. Tão ricos são os personagens e suas dinâmicas, que o público espera muito uma resolução redondinha. Ao deixar tantas pontas soltas, a série termina parecendo mais um “vem aí” do que uma conclusão.

O esquema de venda casada, onde é preciso ver uma produção para assistir a outra, entra em ação. Respostas? Só no próximo filme do Superman… será que vale mesmo a pena esperar?






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