Oh, Canadá mostra o melancolismo em forma de cinema
- Cauê Martins
- há 2 dias
- 2 min de leitura
Filme traz um olhar preciso acerca da natureza masculina.

A convite da California Filmes, pudemos assistir antecipadamente o longa-metragem Oh, Canadá que chega aos cinemas dia 05 de junho. Venha conferir o que achamos!
Aqui temos Paul Schrader na direção, nos mostrando um retrato sensível sobre a sua visão acerca do homem. A obra nos apresenta Leonard Fife (Richard Gere & Jacob Elordi [em sua versão jovem]), um renomado documentarista de guerrilha que, enquanto enfrenta uma doença devastadora, decide conceder uma entrevista documentada ao seu antigo aluno Malcolm (Michael Imperioli). Malcolm utiliza uma técnica pessoal de Fife ao entrevista-lo, que consiste em o entrevistador/confessor se resguardar atrás da câmera para que o entrevistado/pecador traduza suas memórias e pecados diretamente à câmera que o observa, aquela que o instiga a se despir de sua armadura carnal e, consequentemente derrame todo os seus pensamentos ali mesmo, na confissão, no leito de sua morte, no dia do juízo final.
Entretanto, Leonard não quer que Malcolm tome para si o papel de confessor, em seu lugar, ele clama para que sua esposa e dupla profissional Emma (Uma Thurman) esteja ali. Ela é quem representa o espectador na trama pois, quando Leonard começa a se desvencilhar moralmente de sua imagem egoisticamente fabricada, ele olha para ela, ele olha para a câmera, é como se estivesse sendo feito ali, um pedido de desculpas à sua esposa e, principalmente, aos que o assistem. E sabemos disso pois é algo lúcido a se fazer naquele determinado momento, Leonard é uma farsa, não há motivo para esconder tal veracidade. O fato disso tudo estar sendo gravado e exposto é o que centraliza a figura masculina como carga emocional da diegese, o homem chora, sente, foge, machuca outros pelo simples fato de estar machucado ou até mesmo por se rebelar devido aos seus ideais.

Ademais, outra característica incluída na película que a potencializa ainda mais, é a quebra de construção lógica em sua narrativa. Como estamos sendo contextualizados a toda hora pelas memórias de um homem doente e desorientado, temos devaneios ao acessar as suas memórias, hora temos Leonard sendo representado por Gere em momento que na verdade quem deveria estar em tela era Elordi. Ou até mesmo cenas em o P&B eram inseridos sem motivo aparente. O objeto ali era gerar caos, o caos que se instaura na mente daqueles que estão debilitados.
Em suma, há de se observar como Oh, Canadá trabalha muito bem a sua ideia de ser uma “falsa biografia” pois, insere elementos que penetram aos olhos do espectador de forma simples, porém eficaz. Carrega consigo, um tom de autenticidade ao mesmo tempo que dosa de forma correta a sua dramaticidade sobre o conteúdo em si, é algo muito interessante de se ver tanto da perspectiva artística como filosófica. É um retrato cru de como a natureza masculina é, balanceadamente, retrospectiva e sobretudo destruidora.
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