Inexplicável é o novo drama de Fabrício Bittar, co-roteirizado por ele e Andrea Yagui. Baseado em uma história real descrita no livro O Menino que Queria Jogar Futebol, de Phelipe Caldas, o longa conta com Letícia Spiller, Eriberto Leão, Miguel Venerabile, André Ramiro, Adriana Lessa, entre outros, em seu elenco.
A convite da Clube Filmes, assistimos antecipadamente à produção, que chega aos cinemas brasileiros no dia 5 de dezembro.
Enredo
Gabriel Varandas (Miguel Venerabile) é um jogador mirim de 8 anos que conquista o título de campeão no futsal. Após essa realização, ele enfrenta problemas de saúde, sendo diagnosticado com uma doença gravíssima. Assim, sua família recorre à fé para encarar as complicações durante o tratamento.
Roteiro
O filme já começa no meio da ação, mostrando Marcus e Yanna levando Gabriel ao hospital. Em seguida, a narrativa retrocede 20 dias para apresentar a família. Yanna e Marcus têm dois filhos, Gabriel e Rafael, e esperam um terceiro. Gabriel, que tem um jogo no dia seguinte, já demonstra sintomas ao reclamar de dores de cabeça.
Um problema recorrente em produções brasileiras, e que aqui se repete, são os diálogos caricatos, onde até o desnecessário é verbalizado. A impressão é de que o roteiro subestima o público, detalhando excessivamente situações que poderiam ser compreendidas de forma mais sutil. Apesar disso, o elenco demonstra entrosamento, e a produção se destaca por uma fotografia bem trabalhada e planos cuidadosamente planejados.
No dia do jogo, Gabriel começa a apresentar reações estranhas até desmaiar em quadra. Ele é levado ao pronto-socorro, onde os médicos recomendam a consulta com um especialista.
Na oftalmologista, é descoberto um edema, e a profissional orienta a busca imediata por um neurologista. A narrativa, que até então segue um ritmo acelerado, conduz o espectador de consulta em consulta, revelando gradualmente o diagnóstico de Gabriel.
Após realizar uma tomografia, a família recebe a notícia de que Gabriel tem um tumor na cabeça e precisa de uma cirurgia urgente. Enquanto a história se desenrola, o filme utiliza indicações visuais para mostrar a passagem do tempo, como “2 horas de cirurgia”. Yanna, profundamente religiosa, passa boa parte do tempo rezando pela cura do filho, enquanto Marcus, mais cético, evita participar das orações.
Com uma trilha sonora que intensifica os momentos de tensão, acompanhamos a luta da família enquanto o quadro de Gabriel se agrava, deixando apenas um milagre como solução possível.
Depois de uma hora de filme, o ritmo, antes ágil, começa a desacelerar e se torna um pouco repetitivo em alguns trechos. Nos momentos finais, Inexplicável revela-se uma história de superação, confirmando muitas das expectativas do público. A trama reforça a mensagem de que, em muitas ocasiões da vida, é preciso ter fé.
Elenco
Mesmo com um roteiro que apresenta limitações, Letícia Spiller e Eriberto Leão conseguem transmitir convincentemente o medo e a dor dos pais diante da possibilidade de perder um filho. Suas atuações são emocionantes, cada qual representando uma perspectiva de crença.
André Ramiro, Adriana Lessa e Victor Lamoglia também têm seus momentos de destaque, trazendo carisma como os médicos que acompanham o caso de Gabriel. Miguel Venerabile entrega uma atuação que, em alguns momentos, carece de naturalidade e ainda demonstra necessidade de amadurecimento.
Considerações
Este ano trouxe diversas confirmações de que o cinema nacional consegue entregar produções de alta qualidade. Apesar do preconceito ainda presente entre parte do público, os projetos brasileiros mostram constante evolução.
Embora limitações e decisões controversas ainda surjam, Inexplicável consegue sobressair de forma significativa. Apesar de falhas recorrentes, o filme brilha pelo talento do elenco, pela força da narrativa e pela fotografia marcante.
Mesmo sendo mais longo do que o necessário, o enredo, baseado em eventos reais, certamente emocionará muitos espectadores.
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