Boots acerta em cheio ao misturar Fuzileiros Navais, homossexualidade e história
- Maria Tosin
- 14 de out.
- 2 min de leitura

Recentemente chegou sem fazer muito alarde a série Boots na Netflix. A produção é inspirada no livro The Pink Marine, de Greg Cope White, que resolveu entrar nos Fuzileiros Navais na década de 90, mesmo sendo homosexual.
Comecei a série esperando que ela fosse tratar com ironia e chacota os Fuzileiros Navais e toda sua cultura em torno da instituição, pois o foco seria em Cameron Cope, que se alistou apenas para acompanhar seu melhor amigo hétero no sonho de se tornar um Fuzileiro.
Nos últimos anos vemos as instituições sendo descredibilizadas por sua postura preconceituosa, mas não é isso que a série Boots faz. Somos convidados a acompanhar Cameron no treinamento de duas semanas para se tornar um fuzileiro, o treinamento envolve fortes atividades físicas, mas Cope é magro demais para completar as provas com folga, além de acompanharmos as difíceis provas que nos proporcionam até boas risadas, nos envolvemos com os colegas de treinamento de Cope.
Seus colegas, apesar da maioria deles ser aquele esteriótipo de homem forte e hétero, carregam com eles histórias e sentimentos únicos, o que nos faz nos apegar a cada um deles.
Mesmo que a série reforce que se tornar um fuzileiro naval não é para qualquer um, nós entendemos que as lições e os valores ensinados pela instituição são fonte de inspiração para quem passa pelo treinamento, e foi exatamente isso que Cope enxergou nas semanas intensas que passou por lá. Aliás, preciso dizer que o sucesso da série se deve 99% graças ao ator Miles Heizer, que nunca teve papel de destaque nas produções e agora descobrimos que ele tem muito a nos surpreender.

Na época em que a série se passava, ser gay nas forças armadas era crime, vemos então essa batalha entre a instituição e os homens que tinham que esconder sua sexualidade, mas ao mesmo tempo buscavam as forças armadas para buscar sua masculinidade.
Boots é uma série dramática, divertida e inteligente ao mesmo tempo que nos faz refletir sobre o papel das instituições nos dias de hoje, os fuzileiros não “curaram” a homosexualidade de Cope, mas com certeza ensinaram disciplina e vontade de vencer.


