A Lenda de Ochi: uma ideia clássica às avessas
- Silas Castro
- há 1 dia
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Esta quinta-feira (29/05) estreia nos cinemas o próximo filme da produtora independente A24, mesma criadora do incrível “Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo”, com uma conto clássico de uma menina e seu monstrinho azul tentando achar seu lugar no mundo, e não, por incrível que pareça, não estamos falando de Lilo & Stitch.
O elenco do filme possui grandes nomes como Willem Dafoe (Homem-Aranha: Sem Volta para Casa), Finn Wolfhard (Stranger Things) e Emily Watson (Duna: A Profecia), mas assim como outros filmes da A24, dá espaços para novos talentos como personagem principal, Yuri, interpretado pela atriz alemã Helena Zengel.

Conhecendo Carpathia
A história se passa em uma ilha europeia reclusa chamada Carpathia em meados dos anos 80/90 em que os moradores, que ainda vivem como camponeses, têm que lidar com animais monstruosos da floresta chamados ochi que atacam seus rebanhos. Yuri vive com seu pai e outras crianças que foram abandonadas pelos seus pais. Juntos eles são treinados e têm como missão proteger as terras de tais criaturas, mesmo que de forma pouco eficaz.

O que move Yuri?
A jovem camponesa se sente perdida por ser a única menina em um ambiente totalmente masculinizado, não ser compreendida pelo seu pai, além de nunca ter conhecido sua mãe e também não entender direito o motivo deste conflito com tais seres.
Um dia ela encontra um filhote e Ochi ferido em uma das armadilhas de seu pai e, por pena, decide levá-lo de volta para sua casa para tratar suas feridas, mas acaba sendo descoberta por um de seus colegas o que a faz fugir de casa para proteger seu mais novo amigo peludo para devolvê-lo para seu bando.
A aventura dos dois não é das mais tranquilas, já que precisam lidar com o preconceito das pessoas com este tipo de criatura e até a comunicação entre os dois é um pouco hostil de princípio, mas ainda assim ela persiste e a cada etapa é perceptível que o cerne desta viagem vai além de apenas ajudar seu Ochi, envolvendo uma busca por respostas, aceitação e até pertencimento que ela sente falta em sua vida.
Nostalgia e novidade
Esta história de uma criança e seu monstrinho em uma aventura improvável realmente remete a clássicos do cinema como E.T. O Extraterrestre e até a fisionomia do pequeno Ochi lembra um pouco um Gremlin ou um Yoda, não só fisicamente, mas até a movimentação parece de um boneco de filmes antigos, o que realmente ativa os “sensores de nostalgia” daqueles que viram essas obras marcantes quando eram crianças.

Porém as semelhanças param por aí! A Lenda de Ochi não busca ser fofo ou infantilizado como os filmes que ele se baseou, tendo uma trama bem mais maduro, realista, dentro dos parâmetros do contexto da história, e até nojento em algumas partes. Além de abordar seus temas de forma mais profunda, com um clima mais tenso e até quase distópico.
Isto quebra um pouco o padrão e subverte as expectativas de forma intrigante e inteligente. Seus personagens não são herois idealizados, mas sim humanos com falhas e imperfeições, e a trama mostra como os medos, a falta de conhecimento e os ideais deturpados podem acabar danificando as relações com as pessoas que amamos, além de limitar a visão de mundo das crianças que foram criadas neste tipo de ambiente.

Caso queira saber com detalhes o que acontece nessa jornada que quebra um pouco dos moldes, não perca a oportunidade de assistir A Lenda de Ochi nos cinemas!
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