Arthur Ripka Barbosa
18 de dez de 20213 min
Atualizado: 6 de abr de 2022
Foram precisos 2 filmes próprios e participação em outros 3 para que o Marvel Studios finalmente tivesse o seu Homem-Aranha. Sem Volta para Casa é o evento máximo do Teioso no cinema, assim como Ultimato foi para o MCU, mas ele também tem o peso que Guerra Infinita trouxe, pois suas consequências vão estar muito presentes nos futuros filmes da Marvel. E com isso ela entrega um dos seus melhores filmes e um dos melhores do Homem-Aranha já feito. A seguir vou explicar tudo isso, destacando o que faz desse filme tão bom, mas também destacando algumas coisas que não se saíram tão bem, obviamente, com spoilers.
Em todo MCU, o Peter Parker (Tom Holland), é um jovem que, apesar de ter boas intenções em seus atos, sempre acaba por tornar as coisas piores pra ele mesmo, e que por muitas vezes contava com a ajuda de outras pessoas para consertar a sua bagunça, principalmente o Tony Stark (Robert Downey Jr.). Em Sem Volta para Casa, essa lógica finalmente é quebrada, pois apesar do Doutor Estranho (Benedict Cumberbatch) e os Aranhas de Tobey Maguire e Andrew Garfield aparecerem, ele é quem deve resolver a situação dos vilões, seja tentando curá-los daquilo que o fizeram vilões ou então mandá-los de volta para seus universos, ou então liderando os Aranhas na batalha na Estátua da Liberdade.
O amadurecimento é também causado porque finalmente vemos o trauma da perda de alguém após ouvir “com grandes poderes, vem grandes responsabilidades”, que nesse caso é personificado na Tia May (Marisa Tomei), além de ser nítido no desfecho do filme, quando ele pede ao Doutor Estranho que todos, incluindo seus amigos, esqueçam de quem ele é.
A química entre Tom Holland, Zendaya e Jacob Batalon está no auge neste filme. Todas as cenas em que eles compartilham a tela flui com naturalidade e transporta a amizade do mundo real para dentro do filme. Já Marisa Tomei entrega a melhor versão da Tia May - por todo o arco dramático já citado, além de ser quem orienta o Peter a fazer o bem independente a quem - e dá uma sutileza à personagem e à relação com Peter que não havia sido explorada antes. Alfred Molina, Jamie Foxx e, principalmente Willem Dafoe, entregam atuações profundas para o seus personagem, ao ponto que feições e vozes mudam quando são curados ou estão sãos.
A aparição dos 3 Homens-Aranhas era a grande expectativa entre os fãs, e ela foi devidamente atendida. Tobey Maguire e Andrew Garfield reprisam as suas versões, trazendo as minúcias de cada uma pro MCU. A interação entre os 3 Peters é espetacular, pois os atores parecem celebrar o personagem e se permitem recriar diversos memes do Aranha.
Mas a relação deles também faz cada versão evoluir como personagem. Enquanto o de Tobey é o mais experiente e já está tranquilo com o fato de ser o Teioso, o de Andrew é aquele que ainda sofre com o fardo do personagem e o de Holland é o que está aprendendo a ser. As interações mostram cada um guiando e apoiando (sendo meta, inclusive) o outro.
Ao final do filme vemos o Peter Parker sendo o Homem-Aranha clássico, saindo da comodidade do Queens para morar no aperto de Manhattan e tendo que costurar seu próprio uniforme, sem que ninguém saiba quem ele é, o que funciona como um reboot dentro do MCU, e que o torna essa versão do personagem no Homem-Aranha de fato. Além disso, o filme é responsável por introduzir o Matt Murdock/Demolidor de Charlie Cox nesse universo, ao ser contratado por Peter para defendê-lo das acusações de assassinato do Mysterio.
Mas nem tudo são flores nesse filme. Alguns vilões, como o Lagarto (Rhis Ifans) e o Homem-Areia (Thomas Haden Church) tem pouco tempo de tela, motivações fracas ou nulas, além do CGI ser fraco em relação aos demais. Mas o principal ponto fraco é justamente o final que justifica o reboot. Em uma das cenas que mostra que o Peter de fato foi esquecido pelo mundo, vemos J.J Jameson no Clarim Diário delatando as ações do Aranha sem saber quem ele é. Isso dá a entender que todas as notícias, registros pessoais com o Peter, documentos oficiais sumiram, apagando o Peter da existência de tudo.